quarta-feira, 17 de setembro de 2008





vladimir herzog, jornalista, preso, torturado e assassinado pela ditadura militar em 1975.









Sem história
Um documentário chamado Vlado 30 anos depois, aponta para a morte de Vladimir Herzog como o momento em que o país começa a sair da ditadura militar, aquilo aconteceu em 1975, um período na história brasileira em que as pessoas eram perseguidas apenas por pensar diferente do governo, como era o caso de Herzog, que não era partidário, não se intitulava comunista, era apenas um defensor da liberdade, da paz e queria que o mundo conhecesse suas idéias, era contra esconde-las com medo da reação das pessoas, por isso pagou com a vida.
Ele trabalhou, segundo as pessoas que eram suas amigas, dizem no documentário, na revista visão e na tv cultura, fez documentários e elaborou o roteiro de um filme que não viu ser filmado, ele apenas pensava.
Foi o último de seus amigos a ser preso, foi torturado e morreu no mesmo dia em que foi preso, ele só queria ser livre...
Mas morreu e foi alvo de escândalos, mentiras forjadas pelo governo e refutadas por seus amigos.
Gostava de arte, era apaixonado por cinema e televisão, fez curso de televisão na bbc de londres e voltou para o Brasil.
Mas não lhe deixaram por muito tempo pensando...
A ditadura militar perseguiu muita gente como fez com Herzog, o registro de suas vidas estão todos guardados pelo governo o documentário mostra um exemplo disso quando apresenta o arquivo da vida do jornalista.
Nas ruas ninguém mais sabe quem foi ele e o que aconteceu naqueles anos de guerra, o documentário mostra isso também.
Pessoas que claramente viveram aquela época dizem não ter presenciado nada e falam como se aquilo fosse uma novidade, uma coisa que nunca aconteceu, a memória apagou.
O que acontece com essas pessoas que não conseguem lembrar de sua própria história? “Eu não era nem nascido”, é uma das respostas. E quanto aos vestígios evidentes da ditadura que nos é imposta hoje e que se disfarça de democracia, um governo que me permite escrever esse texto,mas que me impede de pensar a minha história e de caminhar livremente nas ruas da cidade onde moro???????????????????????????
Não é possível que uma pessoa não lembre da pedra em que acabou de tropeçar. Os policiais estão nas ruas com suas armas nas mãos matando crianças e adultos inocentes que nada têm a ver com que está acontecendo na vida do ladrão que mora ao lado.
Hoje a ditadura nos apresenta novos e perigosos inimigos, além da policia militar nas ruas, temos o exército de soldados que patrulham as ruas do rio de janeiro onde todos disseram não lembrar disso, temos ainda o exército de ladrões, traficantes, batedores de carteira, aqueles que deixaram de andar em gangues de pichadores para comandar o bairro ou mesmo apenas a rua, como é no caso da terra firme, onde mora e dizer quem pode morrer.
Hoje temos também o desemprego como bem observou Zuenir ventura numa palestra, um inimigo que emburrece e faz com as pernas,mãos e mentes se paralisem, olha só a sua lendo esse texto em silencio, reclamando de tudo isso, se dizendo consciente, mas silenciado, sem nada fazer para que aquela criança que mora ao lado da sua casa não comece a carregar uma arma amanhã e lhe assaltar e quem sabe matar.
Sim, é verdade eu também estou assim, mas ando mais besta mesmo é com a falta de reação dos meus amigos, todos artistas, anarquistas, militantes e conscientes da vida que os cerca e não me dão nenhuma resposta, não sei nem se vão ler esse texto pra saber o que penso.
Olha só o caso da Terra Firme, um bairro de periferia onde fica localizada a universidade federal rural da amazônia e os moradores não sabem nem o que é isso, mas os ladrões sabem que de lá saem pessoas e elas são constantemente assaltadas, ficam com medo e correm,algumas até moram no bairro, mas como enfrentar aqueles monstros????????
No bairro do Guamá acontece a mesma coisa só que com a universidade federal do pará, os estudantes são agora vitimas de arrastões no terminal da universidade, mas o que fazer se os monstruosos ladrões não sabem discutir em debates sobre como melhorar a situação do bairro.
O FSM (fórum social mundial) está chegando e a população pobre que mora na avenida perimetral está sendo retirada de suas casas tem de procurar outro lugar de preferência bem longe que é pra não machucar os sensíveis olhos dos participantes do fórum.
O governo toma suas providencias, a policia sobrevoa e caminha com cavalos, motos, carros e a pé pelos dois bairros e toda noite revista homens, mulheres e crianças, na terra firme o posto foi montado na praça olavo bilac bem na frente da igreja católica e da universal do reino de deus, nenhum ladrão por perto.
Ontem, 16 de setembro de 2008, a governadora Ana Júlia Carepa visitou novamente o bairro para provar que está mais seguro e prometeu que todos continuarão sendo vigiados 24 horas e as represálias serão cada vez mais fortes, mas tudo será compensado com programas sociais implantados na área.
Então mais reconfortante?????????
Eles matam, mas também fingem que educam, atiram literalmente de todos os lados e essa é a maneira que o governo ver e o povo apóia como bestas amestradas de resguardar a segurança pública e nós aqui cada vez mais doentes e burros...
Quem somos e o que fazemos??????????
Nos silenciamos e aceitamos tudo como se isso fosse normal, então me explica como posso esquecer a ditadura militar e a fome e a miséria e o analfabetismo?????????
Se não posso nem ao menos dizer o que penso nem ouvir o que meus amigos pensam porque estamos todos com medo dos ladrões fardados da pm ou da rua e nos entregamos ao ócio...
A ditadura militar está aí não somos livres, a ditadura do capitalismo está aí e nos calamos, quem somos??????????


(leila leite)
Em:17/09/2008
quarta-feira
às 13:55

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