segunda-feira, 22 de setembro de 2008


Na próxima sexta, 26 de setembro, o Centro de Estudos, Produção e Realização Audiovisual - Cineclube Corredor Polonês exibe o filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha.O filme é o segundo do Ciclo Glauber, que inaugura o mais novo espaço de cinema da cidade.As sessões são antecedidas de conferências-relâmpago.Nesta sexta, o coordenador do Cineclube, Francisco Weyl, vai falar sobre o seu manifesto "A estética do grito".O Cineclube Corredor Polonês nasceu da articulação entre três coletivos de intervenção artística urbana, o Corredor Polonês Atelier Cultural, a Rede Aparelho e o Cincleube Amazonas Douro (fundado em março de 2003, e que tem como presidentes de honra Zé do Caixão e o mestre de cinema da Escola do Porto, Sério Fernandes).Autor da proposta de criação da ParaCine (Cinemateca Popular do Pará), Weyl avisa que, na sua conferência-relâmpago, o cinema será definido como um grunhido."O cinema não é para ser pronunciado mas gritado, o cinema tem um só tempo, artístico, logo, o cinema também tem um só deus, dioniso, e pode ser definido por uma estética, a do grito", conclui.

SERVIÇO: Projeção do filme DEUS E DIABO NA TERRA DO SOL, de Glauber Rocha, e conferência relâmpago ("A estética do grito"), de Francisco Weyl. Dia 26 de setembro, sexta-feira, 20 horas, no Corredor Polonês Atelier Cultural, Rua General Gurjão, 253, em frente a Rua Ferreira Cantão, bairro da Campina.Telefone: 3222 7543. Ingresso simbólico: 1 livro usado.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

a presença do estado na terra firme


a governadora e a policia uma aliança perfeita nocontrole das pessoas no bairro.




vladimir herzog, jornalista, preso, torturado e assassinado pela ditadura militar em 1975.









Sem história
Um documentário chamado Vlado 30 anos depois, aponta para a morte de Vladimir Herzog como o momento em que o país começa a sair da ditadura militar, aquilo aconteceu em 1975, um período na história brasileira em que as pessoas eram perseguidas apenas por pensar diferente do governo, como era o caso de Herzog, que não era partidário, não se intitulava comunista, era apenas um defensor da liberdade, da paz e queria que o mundo conhecesse suas idéias, era contra esconde-las com medo da reação das pessoas, por isso pagou com a vida.
Ele trabalhou, segundo as pessoas que eram suas amigas, dizem no documentário, na revista visão e na tv cultura, fez documentários e elaborou o roteiro de um filme que não viu ser filmado, ele apenas pensava.
Foi o último de seus amigos a ser preso, foi torturado e morreu no mesmo dia em que foi preso, ele só queria ser livre...
Mas morreu e foi alvo de escândalos, mentiras forjadas pelo governo e refutadas por seus amigos.
Gostava de arte, era apaixonado por cinema e televisão, fez curso de televisão na bbc de londres e voltou para o Brasil.
Mas não lhe deixaram por muito tempo pensando...
A ditadura militar perseguiu muita gente como fez com Herzog, o registro de suas vidas estão todos guardados pelo governo o documentário mostra um exemplo disso quando apresenta o arquivo da vida do jornalista.
Nas ruas ninguém mais sabe quem foi ele e o que aconteceu naqueles anos de guerra, o documentário mostra isso também.
Pessoas que claramente viveram aquela época dizem não ter presenciado nada e falam como se aquilo fosse uma novidade, uma coisa que nunca aconteceu, a memória apagou.
O que acontece com essas pessoas que não conseguem lembrar de sua própria história? “Eu não era nem nascido”, é uma das respostas. E quanto aos vestígios evidentes da ditadura que nos é imposta hoje e que se disfarça de democracia, um governo que me permite escrever esse texto,mas que me impede de pensar a minha história e de caminhar livremente nas ruas da cidade onde moro???????????????????????????
Não é possível que uma pessoa não lembre da pedra em que acabou de tropeçar. Os policiais estão nas ruas com suas armas nas mãos matando crianças e adultos inocentes que nada têm a ver com que está acontecendo na vida do ladrão que mora ao lado.
Hoje a ditadura nos apresenta novos e perigosos inimigos, além da policia militar nas ruas, temos o exército de soldados que patrulham as ruas do rio de janeiro onde todos disseram não lembrar disso, temos ainda o exército de ladrões, traficantes, batedores de carteira, aqueles que deixaram de andar em gangues de pichadores para comandar o bairro ou mesmo apenas a rua, como é no caso da terra firme, onde mora e dizer quem pode morrer.
Hoje temos também o desemprego como bem observou Zuenir ventura numa palestra, um inimigo que emburrece e faz com as pernas,mãos e mentes se paralisem, olha só a sua lendo esse texto em silencio, reclamando de tudo isso, se dizendo consciente, mas silenciado, sem nada fazer para que aquela criança que mora ao lado da sua casa não comece a carregar uma arma amanhã e lhe assaltar e quem sabe matar.
Sim, é verdade eu também estou assim, mas ando mais besta mesmo é com a falta de reação dos meus amigos, todos artistas, anarquistas, militantes e conscientes da vida que os cerca e não me dão nenhuma resposta, não sei nem se vão ler esse texto pra saber o que penso.
Olha só o caso da Terra Firme, um bairro de periferia onde fica localizada a universidade federal rural da amazônia e os moradores não sabem nem o que é isso, mas os ladrões sabem que de lá saem pessoas e elas são constantemente assaltadas, ficam com medo e correm,algumas até moram no bairro, mas como enfrentar aqueles monstros????????
No bairro do Guamá acontece a mesma coisa só que com a universidade federal do pará, os estudantes são agora vitimas de arrastões no terminal da universidade, mas o que fazer se os monstruosos ladrões não sabem discutir em debates sobre como melhorar a situação do bairro.
O FSM (fórum social mundial) está chegando e a população pobre que mora na avenida perimetral está sendo retirada de suas casas tem de procurar outro lugar de preferência bem longe que é pra não machucar os sensíveis olhos dos participantes do fórum.
O governo toma suas providencias, a policia sobrevoa e caminha com cavalos, motos, carros e a pé pelos dois bairros e toda noite revista homens, mulheres e crianças, na terra firme o posto foi montado na praça olavo bilac bem na frente da igreja católica e da universal do reino de deus, nenhum ladrão por perto.
Ontem, 16 de setembro de 2008, a governadora Ana Júlia Carepa visitou novamente o bairro para provar que está mais seguro e prometeu que todos continuarão sendo vigiados 24 horas e as represálias serão cada vez mais fortes, mas tudo será compensado com programas sociais implantados na área.
Então mais reconfortante?????????
Eles matam, mas também fingem que educam, atiram literalmente de todos os lados e essa é a maneira que o governo ver e o povo apóia como bestas amestradas de resguardar a segurança pública e nós aqui cada vez mais doentes e burros...
Quem somos e o que fazemos??????????
Nos silenciamos e aceitamos tudo como se isso fosse normal, então me explica como posso esquecer a ditadura militar e a fome e a miséria e o analfabetismo?????????
Se não posso nem ao menos dizer o que penso nem ouvir o que meus amigos pensam porque estamos todos com medo dos ladrões fardados da pm ou da rua e nos entregamos ao ócio...
A ditadura militar está aí não somos livres, a ditadura do capitalismo está aí e nos calamos, quem somos??????????


(leila leite)
Em:17/09/2008
quarta-feira
às 13:55

sexta-feira, 12 de setembro de 2008


O seu segredo era como o dos outros.
Seus olhos eram de vidro azul
e na boca vermelha
o riso da ironia.
O humor profundo, amargo e doloroso
vinha de sua boca;
o riso da sabedoria
e do desespero
gritava da sua boca aberta em sangue.
O riso do polichinello
vinha do coração ausente, era uma advertência.
Era apenas o riso
e falava de um mundo
maior que sua alma.

Paulo Plínio Abreu
O comedor de fogo

Veio do comedor de fogo e de seus milagres a esperança impossível.
Do comedor de fogo e de seus milagres à porta de sua tenda
Onde dormiam os cães numa nuvem de moscas.
Veio do comedor de fogo a esperança dos mundos impossíveis.
Veio dessa lembrança hoje apagada pelo tempo o sombrio desejo de evasão.
Veio do comedor de fogo a visão da vida aberta como um grande circo
E o convite irreal para a distância onde se esconde a morte.
Até o amor se perdeu nessa lembrança de um estranho comedor de fogo
E toda a infância confundiu-se com os milagres desse saltimbanco
E de seus cães doentes à porta de sua tenda.

Paulo Plínio Abreu

assim o silencio consolava e tirava a paz, não tinha muito o que ser feito não suportava mais nenhum tipo de contato....

quinta-feira, 11 de setembro de 2008


sebo elefante branco

corredor polonês


é só cantar como os passaros
pela manhã
a chuva invade a noite
e o sol cria novas conotações
abstração de objetos prediletos
à luz artificial da ciência da arte
estranho sabor de vida
no som que traz a chuva
a luz se anuncia
crianças que voam como borboletas
arco-írisem plena tarde de
domingo


07/09/08 em plena chuva na zona

andré leite

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Meu beija-flor
Beijando
A flor gozando
O pólen a voar

O ar do vento
No momento
De fecundar
A vida fecunda

diseus
A boca pede o silêncio
farta
Sem leves ruídos

Angústias de desejos
Misturam-se com o corpo ávido
De viver da emoção sem posses

Apossar-se usar sugar
A seiva abundante jorra
Abunda o íntimo é ela

A consciência dos amantes
Extravasa-se em prazeres do mundo
Mundanas criaturas sedentas de se dar

caeté

a arte de resistir ao caos


no dia 05/09/08 na próxima sexta feira vai rolar

poesia performances música e outras artes no corredor polonÊs

atelier cultural que fica na general gurjão, 253 no bairro da campina

a entrada custa R$5,00 e o evento começa as 20 horas

maiores informações ligue 3222-7543

cuspia

cuspia eu para o lado e tu noite adentro sorria , o sorriso dos louco e pertubados demonios microcelular , de uma sombra beat , em cidade dormida, sorva o nojô na humanidade cretula piedosa
quick

falta cabelo na boneca

raiz, falta cabelo na boneca , boneka com k , eu um dia filho de uma nação , nação que não dormia , mas zumbia , nas provincias do brasil, com os batukes que se ouvia só aqui , nos terreiros de uma nação de filhos de zumbi , madrugadas de luar com meu deus menino , teu machado não dispara contra a mutidão de bringantes em noite de carnaval , eu curisco dançava com dada , pura ruptura de um demonio que chora com meu ninar , virgem mundo, de putas dançarinas, gritava , gritava , no meio do mundo , e só se ouvia o lamento do filho do trovão , em escada a dentro , lampião the king ...... (QUICk)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

sol de agosto

estas fraturas abissais
que se abrem em minha mente
muralha sem fim coberta de musgo
e lodo
grito desesperado de cidade em ruína
sol de agosto que se apaga no céu
face pálida de medo
gosto de absynto na boca
ouvidos perfurados pelo som de estrelas
que buscam o infinito
silÊncio
olhar imóvel como pedra
cansaço milenar
teatro absurdamente grotesco
serpentes que rastejam sonhos
brancos olhares fulminantes
luz que cega meus ouvidos
vagabundos loucamente iluminados
estado zen de ser
não sendo nunca
fantasma de si mesmo
atropelado pelo beijo
perdido no deserto
aguardo o momento da cicatrização
o peito sangra feito rio
que sangra suas águas
para o infinito oceano
meu olhar se perde nesse
horizonte sem sentido
como um poeta louco
me devoro em divagações
o que posso te dizer é que
sempre estive perdido

andré leite
Separemos o joio do trigo.


Nem a cultura pertence ao domínio da arte. Nem a arte pertence ao domínio da cultura. A cultura requer produção. E consumo. A arte se produz por si própria. Uma é corpo. A outra, espírito. Uma, a natureza. A outra, a sua devastação. Uma é facilmente banalizada. A outra, coisa qualquer, paradoxalmente, intocável. Uma eu compro, a outra jamais vendo. Uma eu vejo, a outra me cega. Uma se tem. A outra é que nos detém.A arte decifra, a cultura devora. A arte alimenta a cultura, a cultura devora arte.O homem faz tanto arte quanto cultura, entretanto, ele só haverá de ser artista se compreender que arte é mito e cultura realidade.A cultura é pedra, a arte, leve. A arte leva, a cultura fica. Uma nega, outra, negra. Uma opaca, outra, transparente. Uma diz sim, outra sempre não. A arte não se explica, a cultura critica. A arte livra, a cultura prende. A arte não se aprende, a cultura prende. A arte espia, a cultura escuta. A arte silencia, a cultura fala. A arte grita, a cultura educa. A arte grunhi, a cultura define. A arte mata, a cultura sobrevive. A arte nua. A cultura veste.A cultura conceitua. A cultura admite. A cultura sofre. A cultura acredita. A cultura bendita. A cultura pela culatra, ladra. A cultura rouba o bicho homem do seu habitat, tornando-o objeto.A arte dejeta este objeto. A arte degreda o objeto à sua condição signica. A arte.A cultura come, a arte faminta. A cultura bebe, a arte deserta. A cultura seca, arte emprenha. A cultura do real é mentirosa, mas a arte sonha. A cultura do concreto é oca, a arte sólida. A cultura solidifica, a arte dissipa. A cultura soma, enquanto que a arte retira.A arte escorre com os vermes nos esgotos. A cultura é limpa e hipócrita. Um homem de cultura sofre. O artista é sarcástico. Um ser de cultura tem os seus dramas. A arte é trágica. A cultura é cronológica. A arte épica.A cultura traduz-se com os seus personagens. A arte, faz-se no coro. A cultura individualiza. A arte coletiva. A cultura escreve. A arte lê. A cultura lei. A arte bandida.A cultura harmoniza. A arte da guerra. A cultura unifica. A arte desestabiliza. A cultura nervora. A arte suicida. A cultura pagina, a arte, margeia. A cultura bússola, a arte, nau à deriva.A arte vento, a cultura, tempo. Arte para além. Cultura aquém. Arte para quem? Cultura para todos. Arte de ninguém. Cultura do mundo. Arte de nenhum lugar. Arte do mar, cultura de afogar. Cultura pra afogar, arte de amar.Cultura de merda, arte eterna.

Francisco Weyl
© Carpinteiro de poesia e de cinema