segunda-feira, 1 de setembro de 2008

sol de agosto

estas fraturas abissais
que se abrem em minha mente
muralha sem fim coberta de musgo
e lodo
grito desesperado de cidade em ruína
sol de agosto que se apaga no céu
face pálida de medo
gosto de absynto na boca
ouvidos perfurados pelo som de estrelas
que buscam o infinito
silÊncio
olhar imóvel como pedra
cansaço milenar
teatro absurdamente grotesco
serpentes que rastejam sonhos
brancos olhares fulminantes
luz que cega meus ouvidos
vagabundos loucamente iluminados
estado zen de ser
não sendo nunca
fantasma de si mesmo
atropelado pelo beijo
perdido no deserto
aguardo o momento da cicatrização
o peito sangra feito rio
que sangra suas águas
para o infinito oceano
meu olhar se perde nesse
horizonte sem sentido
como um poeta louco
me devoro em divagações
o que posso te dizer é que
sempre estive perdido

andré leite

Um comentário:

- Odirlei Couto - disse...

"todo bêbado é meio poeta e todo poeta é meio bêbado". Sim sim, todos estivemos "sempre meio perdidos", um bom poema este "sol de agosto", de um muito bom poeta.

Abraxas
Abraxas